A genômica[1], tem aqui o papel de ciência mãe na descoberta da nossa origem e evolução, a sinalizar para onde vamos ou como nos manteremos como espécie dominante. É uma ciência nova, surgida no século XX, a partir de descobertas anteriores, de milenares a centenárias. Por exemplo, os primeiros a descrever o átomo foram um grego (Demócrito, há 2.500 anos) e um romano (Lucrécio, há 2.100 anos).

Os critérios de seleção dos links foram os resultados de investigações sobre o Big Bang, nossa galáxia, nosso planeta, o fenômeno da vida nele. E os campos científicos envolvidos com o fenômeno genômico dos seres vivos, de todos os tipos. Especificamente, a nossa evolução como multicelulares a partir de um ancestral comum, unicelular. E essa matriz científica comprova a inexistência de raças, base da escravidão, agora apartheid, que vitimou milhões de africanos, séculos afora.

Incorporei, além da genômica/genética de populações, outras áreas multidisciplinares e multiprofissionais presentes no combate a violência do apartheid. Porque há outros saberes além da genética de populações que também elucidam e estabelecem consensos sobre essa a questão no país, sua complexidade, como fenômeno hediondo e secular.

Agora vamos ao século XXI: Era da Genômica. Alguns diagnósticos, tratamentos, medicamentos, que há 50 anos seriam considerados como futuristas ou impossíveis, estão no dia a dia da genética clínica. Como os testes preditivos de más formações.

E este século será genômico/genético, a fronteira final da manipulação dos organismos de seres vivos. De todos, não só dos primatas, ou seja, nós. Avançou-se da célula, do tecido, do órgão, do aparelho, para o DNA, RNA, genes, cromossomos, proteínas.

Ou seja, estamos literalmente na pesquisa e coleta de resultados no campo atômico das moléculas orgânicas, responsáveis pela constituição de todo ser vivo.

Mas a genômica tem uma tarefa a cumprir, eliminar definitivamente as barreiras criadas pela má ciência entre humanos. Ela já provou que somos todos geneticamente iguais, temos o mesmo genoma, que só há uma espécie humana.

Possíveis diferenças, como a tonalidade da pele (que não tem cor, tem pigmentação, como defesa contra a radiação solar e danos ao DNA) não são diferenças de genoma, mas epigenéticas (interações de genes com o meio ambiente), que alteram o fenótipo (características) mas não o genótipo, o programa genético de todos nós.

O maior ganho da genômica em termos de humanidade: não existem raças. Somos todos iguais, genética, fisiológica, orgânica, fisicamente. Inteligência, cognição, temos todos a mesma capacidade  e desenho como espécie humana.

Todos somos dotados de inteligência, a capacidade de entender o que é percebido, aprendido, ou compreendido. Assim como de cognição, o processo de pensamento ou conhecimento. É o resultado mental de percepção, aprendizagem e raciocínio. E são incolores.

Finalmente, que seja assegurada uma política continuada de absorção e integração de estudantes afrodescendentes, na maior escala possível, acorde a sua importância demográfica, na ciência do país.

Como objetivo estratégico das instituições científicas do país, tanto públicas como privadas -  MCT, SBPC, Capes, Cnpq, Fiocruz, faculdades de ciências exatas, biológicas, institutos de pesquisa, empresas privadas de tecnologia de ponta, etc..

A inclusão de artistas afrodescendentes não é aleatória. Demonstra que o combate, a denúncia, a revolta, com o apartheid (eugenia, higienismo social, falsas raças), mantido pela sociedade despigmentada tem, na cultura afro, uma resistência permanente. E que a participação dela na cultura do país (hegemônica em algumas expressões) não pode ser ignorada – literatura, poesia, cinema, música, esportes, carnaval, folclore.

Já na ciência é residual com travas seculares que resistem ferozmente à sua abertura para os afrodescendentes. Segregados previamente pelo aparelho formador despigmentado de alta complexidade para não acederem a alta ciência. [2]

E a substituição do conceito de discriminação pelo de equidade de direitos. Ele tem base ética, legal, social, sem a generalidade de discriminação. Onde alteraria o argumento ou a narrativa defendida pelo palestrante ou pelo pesquisador, a mantive, com as minhas restrições legítimas de autor/criador deste guia. Mas sempre grifada.

[1] Termo criado em 2000, a partir do Projeto do Genoma Humano. Genoma surge pela primeira vez em 1920, originado de uma fusão das palavras gene e cromossomo para descrever globalmente o campo da genética.

[2] Os vídeos aqui listados, de várias plataformas, quando acessados, terão a identificação completa dos seus autores, produtores, bem como das instituições e/ou dos pesquisadores individualmente. Nenhum deles foi editado, modificado, todos são versões originais. E de domínio público. Será feita a sua revisão e atualização permanentes.

CAPÍTULO 1

CIÊNCIA MÃE - GENÔMICA

REPRODUÇÃO

GENOMA
FERRAMENTA DA VIDA

A ciência – em todos os campos - não está subordinada ao calendário. Ela é atemporal. Regida pela hipótese a ser investigada, descoberta, que confirmada com resultados interpares, é incorporada ao saber científico mundial.
Alguns exemplos:

Mendel fundou a genética (atual genômica) em 1865, ao publicar os resultados dos seus experimentos com ervilhas. Estabelecida cientificamente as leis de hereditariedade de todos os seres vivos.

A descoberta da molécula do DNA por Rosalind Franklin, em 1951, elucidou a programação da criação da vida. E o com a seleção natural, com um genoma universal, uma só espécie, a humana.

Com a teoria da evolução das espécies, publicada em 1859, Darwin acabou com as farsas religiosas e científicas sobre a espécie humana (e de todos os outros seres vivos).

A magnífica teoria das ondas gravitacionais foi proposta por Einstein há 100 anos. Junto com a Teoria de Relatividade Geral.

A clássica lei da gravitação universal, proposta por Newton, há mais de 300 anos, condiciona até hoje os movimentos da física contemporânea.

A especulação teórica sobre os buracos negros começou no século XVIII. E só conseguimos fotografar o primeiro no século XXI.

O século XX pode ser considerado como uma era de ouro para as ciências biológicas. A herança recebida do século XIX exigia respostas: 80% dos males estavam diagnosticados, embora a maioria deles exigissem medicações e procedimentos que ainda levariam décadas para serem conseguidos

Nas cirurgias, tivemos o clorofórmio, que as tornou seguras. De cada 10 pacientes operados, metade morria na mesa ou no pós-operatório. Novos anestésicos no final do século XX chegaram a um grau de segurança total.

Com a penicilina e o posterior desenvolvimento de antibióticos (e os antivirais), as infecções (e as infectocontagiosas) tiveram sua morbidade controlada e reduzida a praticamente zero.

Com as vacinas, para alguns um dos três maiores avanços preventivos da atual civilização, calcula-se que se evitaram entre 100 a 120 milhões de mortes no século passado. Além da erradicação de males como a paralisia infantil, flagelo de sequelas agudas para milhões.

E o raio-x tornou-se uma ferramenta diagnóstica de inestimável valor no dia a dia. Atualmente temos a tomografia computadorizada em 3D que reproduz qualquer órgão, sistema, do corpo humano, com precisão absoluta.

E chegamos aos transplantes. Ainda com o problema da rejeição não totalmente controlado, embora a sobrevida dos pacientes seja assegurada por muitos anos.

O tratamento do câncer, alguns se tornaram controláveis, possibilita aos seus portadores uma sobrevida normal em termos de atividades e rotina, por muitos anos. Diz-se que o paciente vai morrer, mas não de câncer.

E junto com a inseminação artificial, descoberta da insulina, tratamento do raquitismo e diversos outros avanços de prevenção e tratamento. Sem esquecer a pílula anticoncepcional, que mudou a liberdade sexual da mulher num grau jamais imaginado.

Sem ciência

... não haveria a descoberta das características do nosso planeta em relação ao Universo.

... não elucidaríamos a complexidade da nossa espécie.

não teríamos comprovado que somos todos 99,9% idênticos geneticamente.

... estaríamos condenados a escuridão e a ignorância até o final dos tempos.

Embora saibamos que alojaram nela as teses das falsas raças humanas. Que nunca existiram, não hão, jamais vão existir. A espécie humana é uma só. Em todo o planeta.

Comprovado está que somos o resultado, depois de 13,7 bilhões de anos do Big Bang, de 4,5 bilhões de consolidação do nosso planeta, de uma espécie que depois de milhões de anos se tornou a dominante. Primeiro nos oceanos há bilhões de anos, de um ser unicelular. E há cerca de 300 mil anos surgia o homem moderno no seu berço africano.

E a Europa, o continente do mal, criou a escravidão moderna a partir do século XV como o maior empreendimento agrícola pós-descobrimentos a bordo de uma suposta raça, cor de pele.

E o racismo científico, eugenia, colonialismo, nazismo, além da destruição de culturas milenares e muitos outros males contra a humanidade. Que prossegue no século XXI como apartheid em todo o planeta. Temos atualmente, lado a lado, ou paralelas, para ser mais exato, duas civilizações - a genômica e a física.

A primeira ainda não completou um século – se tomarmos como referência a descoberta da molécula do DNA em 1952, por Rosalind Franklin. A segunda, já há alguns séculos, a partir de Newton, se prepara para explorar economicamente a Lua e estabelecer em Marte uma base para viagens além do nosso sistema solar. E os afrodescendentes somente como espectadores dessa festa espacial.

Luís Mir

16/03/2024